Existe muita dificuldade dentro do segmento para rastrear e contabilizar o fluxo dos materiais. A estimativa do governo brasileiro é de que menos de 8% do total de REEE possui destinação adequada, gerando impactos ambientais negativos. Os processos de destinação já estão regulamentados no Brasil, mas precisam do apoio governamental, empresarial e popular para entregar resultados efetivos.
O que fazer com seu REEE?
Nós substituimos nossos equipamentos eletrônicos com uma frequência cada vez maior. Novos smartphones, TVs e notebooks são lançados anualmente, mas o que fazer com o aparelho que sai de uso? Ele não pode ser jogado diretamente no lixo comum, é preciso fazer com que ele chegue ao destino adequado. As pessoas devem procurar pontos de coleta de eletrônicos em suas cidades e levar seu lixo eletrônico até ele. Hoje os municípios brasileiros devem possuir algum tipo de sistema para receber esses equipamentos. Procure informações em sua cidade, alguns exemplos são: em repartições públicas, supermercados, escolas, shoppings, entre outros lugares.
No caso das empresas a destinação em grande volume não pode ser realizada da mesma forma. É preciso comprovar a destinação adequada do REEE através da utilização de um serviço de destinação especializado. Existem empresas que trabalham especificamente para garantir a destinação adequada dos resíduos, inclusive os eletroeletrônicos. O processo de destinação deve seguir a hierarquia de soluções definida na PNRS: reuso, reciclagem e disposição final. Apesar de ainda não possuir uma estrutura bastante desenvolvida no Brasil, a reciclagem de eletroeletrônicos é uma solução muito importante e que deve ser priorizada.
O risco que acompanha os REEE
Os equipamentos eletroeletrônicos são muito comuns em nossa rotina, mas essa presença esconde perigos que se tornam críticos na hora do descarte. Os eletroeletrônicos possuem diversos materiais entre seus componentes e alguns deles são bastante tóxicos para o meio ambiente e nossa saúde. Elementos como chumbo, cádmio, bromo, mercúrio, cromo, entre outros, causam problemas à saúde. Além disso, eles são absorvidos pelo meio ambiente e ficam acumulados na cadeia ecossistêmica.
Os danos associados a esses componentes nocivos envolvem problemas no sistema nervoso e na cognição do indivíduo, principalmente. Mas existem casos de observação de problemas nas funções motoras do corpo, nos rins, doenças respiratórias e outros problemas de saúde. Além dos problemas relacionados à saúde humana, esses componentes geram riscos de contaminação ambiental séria. Para evitar que os REEE causem esse tipo de efeito é preciso garantir que sejam destinados adequadamente.
No caso das empresas essa responsabilidade é mais séria, uma vez que a quantidade de resíduos gerados é maior. Além dos problemas internos da falta de gestão de resíduos, a destinação ilegal pode gerar punições graves. Atualmente o Brasil aplica multas ambientais com valor máximo de R$ 50 milhões, porém está em tramitação no Senado proposta de alteração para até R$ 500 milhões. Uma penalização desse nível comprometeria o futuro da maior parte das empresas brasileiras, portanto é questão de segurança realizar o descarte legal de REEE.
Problema global, solução individual
Os relatórios recentes da ONU apontam o crescimento crítico na geração de REEE, conforme abordado acima. Porém também existem diversos sinais positivos em meio a esse cenário. É notável o crescimento da legislação nacional e internacional a respeito dos problemas ambientais relacionados a este tipo de resíduo. A Comunidade Europeia já possui programas bem estruturados de gestão de REEE, a América do Norte também possui boas iniciativas e o próprio Brasil está neste rumo. O gerenciamento adequado destes resíduos diminui os impactos ambientais que causamos e também cria oportunidade para geração de riqueza.
Conforme dito pelo Diretor Executivo do UNEP, Achim Steiner, a destinação ilegal de REEE é uma irresponsabilidade socioambiental e uma estupidez enorme ao tratar insumos escassos. A solução para esse grande problema depende do trabalho coordenado entre governos, empresas e cidadãos. Cada um é reponsável por descartar corretamente seus equipamentos que não serão mais utilizados. Enfrentamos um problema global, mas a solução está na atitude individual.